domingo, 26 de janeiro de 2020

A PEQUENA HISTÓRIA DE GIUSEPPE PEGORARO E SUA FILHA MARIA


A  PEQUENA  HISTÓRIO  DE  GIUSEPPE  PEGORARO  E  SUA FILHA  MARIA
(Ivan Pegoraro)

Vapor Solferino

Convés do Navio com os Imigrantes 45 dias no mar
Citadella é uma pequena comuna italiana com cerca de 18000 habitantes e está situada na região de Vêneto, província de Pádua, na Itália. Foi fundada em 1220 DC e possui ainda hoje uma muralha de 1,5 km espetacularmente conservada e que teve a finalidade de proteger seus moradores contra os ataques das cidades de Treviso e Vicenza. A Itália naquela época não estava unificada e era composta por reinos.  Foi envolvido por essas fortes muralhas que Giuseppe Antonio Pegoraro nasceu em 23 de Maio de 1867 e ainda muito jovem, com 24 anos se tornou viúvo de forma súbita, sua esposa sendo atacada por doenças que eram impossíveis de curar naquela época. Ao seu lado, com toda a responsabilidade para criar, educar, manter e proteger, sua única filha Maria Pegoraro, com pouca idade, contando com apenas dois anos. Ainda um bebê. Certo dia, caminhando pelas vielas de sua pequena comuna, que naquela época não tinha mais do que seis ou sete mil habitantes, Giuseppe conversou com alguns amigos que relataram a grande aventura que alguns conterrâneos já tinham iniciado na busca de novos ares, longe dali, em outro continente. Relataram a ele que o Brasil estava em franco desenvolvimento com a República declarada e muitas frentes de trabalho, principalmente no campo e fazendas. Falaram que havia muita fartura e que um mês de trabalho cobriria um ano de mantimentos. A Escravidão tinha sido abolida, e o país carecia de mão-de-obra. Numerosos italianos estavam imigrando dado inclusive a facilidade na tramitação dos papéis e o incentivo do governo brasileiro em busca dessa mão de obra. Houve na Itália um investimento pesado em propaganda pró-imigração. Divulgava-se que no Brasil os camponeses teriam trabalho e seriam donos de suas terras, não mais dependeriam dos “Signori”. Cerca de cinco milhões de italianos deixaram seu país entre 1875 e 1920, e se dirigiram a diversos países, dentre eles, especialmente o Brasil.   Giuseppe se interessou e pensativo passou a noite sem dormir, enquanto olhava com tristeza o pequeno cômodo onde residia. Sentou-se aos pés da cama onde Maria dormia e chorou de saudade de sua esposa, seu esteio, sua fortificação e que havia lhes deixado tão jovem e de forma tão inesperada.  No dia seguinte, logo de manhã,  sonado pela noite mal dormida procurou a Prefeitura de Citadella e buscou informações a respeito desta ideia de mudar de país.  No almoço, avisou Maria que iriam se mudar para o Brasil.  A pequena não entendeu a dimensão daquela informação e continuou a brincar com os parcos brinquedos de madeira que possuía. Giuseppe, pôs-se a preparar a documentação e com suas poucas economias e com as passagens concedidas pelo governo brasileiro, conseguiu obter duas passagens, para si e sua filha, de 3ª Classe num navio  a vapor de passageiros que partiria do Porto de Genova, distante 360km de sua amada Citadella,  em direção ao Brasil, mais precisamente o Porto de Santos. Maria estava eufórica com aquela aventura e jamais tendo visto o mar, se encantou com tamanha imensidão quando no colo de seu pai, avistou-o pela primeira vez. A viagem no navio à vapor podia durar 40 dias e quase todos os viajantes não tinham ainda destino certo de trabalho. Tão somente sabiam que iam para o Brasil: “As condições de viagem na terceira classe eram muito difíceis. Era uma condição de pobreza, muitas pessoas e pouca comida. Porém, tinha pessoas que sonhavam, que cantavam. O clima de esperança ajudava muito a enfrentar a viagem e as dificuldades, doenças”, conta o presidente da Autoridade Portuária de Gênova, Luigi Merlo. Somente quando chegavam aos portos brasileiros as famílias descobriam para qual região do país seriam levadas. O fato é que havia corporações que distribuía esses imigrantes entre várias fazendas do Estado de São Paulo, que faziam suas solicitações na busca desses empregados. A chegada ao Brasil ocorria no porto de Santos e também no do Rio de Janeiro. Outros podiam até ir em direção ao sul.  Giuseppe desembarcou em Santos exatamente no dia 09/11/1891 dando assim adeus ao Vapor Solferino e firmemente segurando sua filha pelas mãos, aguardou pacientemente sua vez que fazer o registro de entrada no país e em seguida foi enviado para a Hospedaria do Imigrante onde descansou por dois dias.   Teve sorte e foi direcionado para um grupo que seria alocado no interior de São Paulo, na região de Olímpia.  É preciso entender que o Brasil recentemente havia abolido a escravidão e carecia urgentemente de mão de obra e por este motivo o governo incentivava a imigração e até pagava as passagens dos estrangeiros. Não tinham muito escolha onde iriam trabalhar, sequer quais seriam seus rendimentos se adequados ou não.  O que mais importava, era ter trabalho, ter um teto para se abrigar e ter condições de se alimentar.  O futuro daria a resposta daquela empreitada carregada de aventura. O trabalho foi duríssimo e Giuseppe com o tempo acabou encontrando no Brasil uma nova companheira com quem veio a se casar. A felizarda que conquistou o coração deste jovem italiano foi Catarina Sartori, também italiana, que acabou criando Maria como verdadeira e adorada filha.  Deste novo casamento, Giuseppe com Catarina, vieram ao mundo três novos filhos: Silvio Pegoraro; Angelin Pegoraro e Tilio Pegoraro.   Maria passou a ter três...não quatro guardiões contando com o pai.  Mas isso não foi impedimento quando ainda jovem Maria alegrasse os olhos de José Pauloski e conquistasse de pronto o seu coração. Foi amor arrebatador, à primeira vista. Jovem, claro e de olhos amendoados não houve como resistir ao charme deste polonês. Imigrante também, apaixonou-se perdidamente por aquela italianinha bem formada e com os olhos quase verdes das terras da Itália. O maior problema de José Pauloski foi quando resolveu pedir a mão de Maria para Giuseppe, cercado pelo trio de irmãos que os olhavam desconfiado.  Mas, José embora tímido, não tinha nada a perder e criou coragem quando uma certa manhã bateu à porta de seu futuro sogro e se apresentou, dizendo desde logo que estava apaixonado por Maria, era um trabalhador conhecido, com boa intenção.  Catarina, disfarçadamente deu um chute na canela de Giuseppe antes mesmo deste abrir a boca.  Surpreso, olhou enviesado para a mulher mas convidou o visitante para entrar e ainda ofereceu-lhe café. Maria não apareceu ficando no quarto, mas colando os ouvidos na porta.  Quando percebeu que todos estavam rindo, suspirou, pois, sabia que o namoro havia sido aceito. O casamento se realizou, e  os irmãos passaram a frequentar a casa de Maria e José em Cosmópolis. O casamento foi longo e feliz e desta união vindo Natalino, o avô de Nelsi Strasser que hoje faz parte do nosso grupo. Viveram na Itapira e no final da vida na cidade de Santo Antonio de Posse, onde morreram.  Giuseppe também residia em Itapira na fazenda e com seus filhos dava um duro danado com enxada e colheita a mão.   Certo dia, Silvio também conheceu uma Maria. As Marias estavam vida desta família.  Esta era  Maria Brunheira,  com quem se casou.  Desta união tiveram vários filhos: Clarindo, Dorival, Ormelindo, Ademar, Wanderley, José, Luiz, Alzira, Arlete e Sylvio Jr.    Meu pai, Dorival Pegoraro,  falecido me pediu certa vez para leva-lo até suas origens no interior de São Paulo, operação que acabei ficando-lhe devendo.  Mas, a história de Giuseppe é digna de ser contada, ainda que de forma simples e resumida como esta.  Partiu da Itália com 24 anos e uma filha de dois, sendo viúvo.  Imaginem o trabalho com esta criança nos porões da 3ª Classe daquele vapor. Quarenta e cinco dias, provavelmente sem um banho adequado e alimentação sadia. Sobreviver a jornada já foi um ato heroico. Trabalhar, num país estranho, gerar filhos e hoje na quarta e quinta geração, poder ser lembrado é o mínimo que podemos fazer a este herói.  A família Pegoraro e a família Pauloski tem muito; muito mesmo em comum. É uma pena que não tenhamos mais contato com esses nossos parentes.  Quem sabe alguns voluntários não se apresentam para fazermos uma visita a Nelsi que abriu as informações da sua bisa Maria Pauloski.  A pequena menina de dois anos que imigrou da Itália para o Brasil, pouco falando de sua própria língua de origem. Me sinto realizado em poder escrever aqui a pequena história de Giuseppe.  Agradeço ao Bruno Pegoraro, meu filho que forneceu parte dos documentos que possibilitaram esta pesquisa.  Bruno já é Italiano graças a Giuseppe, com passaporte e tudo. E ao que consta é o único italiano de todas essas gerações de Pegoraro, exceto Giuseppe. A Nelsi que também colaborou com as informações. Podemos sempre melhorar esta história com outros detalhes que queiram acrescentar nos comentários.  Esta já é a 1ª revisão do texto originário. Obrigado.



domingo, 19 de janeiro de 2020


PROGÉRIA –  A  MORTE  NO  TEMPO  PRESENTE
(Ivan  Pegoraro)




Fiquei assombrado e assustado quando assisti o documentário a respeito dessa doença raríssima que se chama progéria ou velhice precoce. Assombrado por constatar a inexistencia de medicamentos eficazes e assustado pelo desconhecimento desta síndrome. Ela se manifesta em crianças até os dois anos de idade e leva inevitavelmente à morte prematura em torno dos quatorze, as vezes um pouco mais.  Se trata de uma mutação do gene, e hoje em todo o mundo tem-se o registro em torno de duzentas e cinquenta pessoas. Essa terrível doença se caracteriza por um envelhecimento precoce, segundo as pesquisas, a uma taxa fenomenal de 7 vezes maior a taxa normal. Com dez anos, a criança aparenta ter 70 anos e normalmente morre de infarto do miocárdio.
Essa doença é caracterizada por um rápido envelhecimento – cerca de 7 vezes maior em relação à taxa normal – que se inicia por volta dos 18 meses de idade. As crianças portadoras dessa disfunção vivem, em média, até os 13. 14 anos sem qualquer prejuízo de caráter mental. Esta doença leva a alterações em vários órgãos e sistemas como a pele, esquelético e sistema cardiovascular.  O bebê ao nascer não apresenta sintomas evidentes. Aliás apresenta todas as características de uma criança normal e sadia. Os sintomas só começam a surgir por volta dos 18 meses de idade. As principais características clínicas e radiológicas incluem a queda do cabelo – a criança fica totalmente careca - perda de gordura subcutânea, artrose estatura baixa e magra, clavícula anormal, envelhecimento prematuro, face estreita, pele fina e enrugada, puberdade tardia, sobrancelhas ausente, unhas dos pés finas, voz anormal, lábios finos , osteoporose entre outras. A inteligência não é afetada como disse acima. Aliás, são sempre muito bem dotados.  A morte precoce é causada por aterosclerose resultando do infarto. No documentário que mencionei um casal de médico tem um filho portador desta síndrome e inconformados com a inexistência de medicamentos que pudesse minimizar os seus efeitos ou até a cura, partem para uma pesquisa apoiados por entidades que aderiram ao projeto. Fazem contato com todas as famílias das crianças portadoras da doença para ministrarem um medicamento que parece dar algum efeito positivo já resultado daquelas pesquisas.  Se negam, na pesquisa a ministrar placebos, porque o grupo era tão pequeno de indivíduos que seguramente, se para aqueles de recebessem o remédio poderia haver algum resultado, para os outros seria a morte certa sem nenhuma esperança.  Isso dificultou o reconhecimento da eficácia do medicamento, bem como impediu  a publicação do resultado em revistas especializadas. Ao longo de toda a pesquisa as crianças vão morrendo, mas algum benefício vai sendo contabilizado.   Não se sabe ainda se a cura é possível ou não. Recentemente, cientistas franceses e norte-americanos descobriram que a doença está ligada a um gene que controla a estrutura do núcleo das células. Neste caso as pesquisas estão avançando para uma provável cura da doença. A engenharia genética neste caso, deverá atuar diretamente no gene, alterando sua composição, imagino eu.  O nome do documentário é “A VIDA SEGUNDO SAM” e pode ser assistido no HBO-GO.  Sam é o filho dos médicos que abraçaram a pesquisa, tentando descobrir a cura da doença.

quinta-feira, 16 de janeiro de 2020

A ÁRVORE E O INCÔMODO


A árvore e o incômodo
Ivan Pegorar
Posso colher????
o

O Código Civil Brasileiro disciplina com detalhes a questão das árvores limítrofes, assim como da passagem forçada entre terrenos. Sem dúvida, dois temas que causam alguns transtornos entre vizinhos quando não é bem compreendido. O artigo 1282 do referido diploma legal estabelece que, a árvore, cujo tronco estiver na linha divisória, presume-se pertencer em comum aos donos dos preditos confinantes. E mais, as raízes e os ramos de árvore que ultrapassarem a estrema do prédio, poderão ser cortados, ate o plano vertical divisório, pelo proprietário do terreno invadido. Deste modo, percebe-se claramente que havendo invasão dos galhos, ou mesmo das raízes das árvores, o vizinho poderá independentemente de autorização elimina-los a seu talante, assim como assenhorear-se dos frutos caídos dentro de sua área. Mas, pode acontecer que a árvore e de tal tamanho que causa enormes prejuízos ao vizinho, da mais variada ordem, não só sugando todos os nutrientes que todo vegetal necessita e prejudicando a plantação ao lado, bem como outros danos, como sombreamento extenso, sujeira de folhas e prejuízos nos telhados e calhas. É evidente que neste caso há o que chamamos de mau uso da propriedade sujeita ao disciplinamento das regras do direito de vizinhança. Decisão neste sentido pelo Tribunal de Santa Catarina (RT 518/187) determinou o corte da árvore com a seguinte ementa: “Constitui uso nocivo da propriedade, justificando-se a remoção das árvores que causam dano à propriedade vizinha”. Em casos semelhantes deverá ser demonstrado a intensidade desses danos mediante laudo pericial, possibilitando ao vizinho prejudicado que reivindique na justiça a retirada definitiva da árvore, salvo se houver outra solução técnica mais apropriada. O Tribunal de São Paulo decidiu questão interessante, quando o proprietário lindeiro plantou na divisa de sua área agrícola enorme quantidade de árvores, acarretando prejuízos ao vizinho. O sombreamento da faixa de terras cultivada pelos produtores, disse o Tribunal, junto a linha divisória das duas propriedades, não é a única razão que traduz o mau uso comprovado nestes autos, posto que a perícia concluiu, também, que as frondosas árvores plantadas pelos réus, no limiar das terras cultivadas pelos autores, terão, irrecusavelmente, duas raízes a concorrer com as plantas do cultivo dos autores, no que respeita aos nutrientes que todo vegetal retira da terra. Portanto, para tudo haverá uma solução.  Confira-se Súmula a respeito:  (...) DIREITO DE VIZINHANÇA. PODA DE RAMO DE ÁRVORE. ART. 1.283 DO CÓDIGO CIVIL. RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO. SENTENÇA MANTIDA. (...) A prova documental acostada aos autos é suficiente para análise do pedido autoral. Preliminarmente de incompetência do Juizado Especial rejeitada. 2. O caso em exame envolve direito de vizinhança, em que o demandante objetiva o corte dos galhos das árvores que avançam sobre a sua residência. O direito de cortar os ramos de árvores, no limite do plano vertical divisório entre os imóveis encontra respaldo no art. 1.283 do Código Civil e independe da prova de prejuízo. Escorreita, pois, a sentença que condenou o réu a podar as árvores que estão invadindo a propriedade do requerente. 3. Recurso reconhecido e improvido. Sentença mantida por seus próprios fundamentos. 4. Fica o recorrente condenado ao pagamento das custas processuais, devendo-se observar o disposto no artigo 12 da Lei 1.060/50. Sem condenação em honorários advocatícios, pois não foram apresentadas contrarrazões. 5. A sumula de julgamento servirá de acordão, conforme regra do art. 46 da Lei nº 9.099/95 (TJ-DF - ACJ: 20140510007369 DF 0000736-46.2014.8.07.0005, Relator: CARLOS ALBERTO MARTINS FILHO, Data de Julgamento: 26/08/2014, 3ª Turma Recursal dos Juizados Especiais do Distrito Federal, Data de Publicação: Publicado no DJE: 12/09/2014. Pág.: 288) “  Para finalizar, se a árvore está causando problemas, isso pode ser solucionado, primeiro pelo bom sendo e uma boa conversa o que nem sempre é fácil, concordo. Segundo, pela busca do judiciário.




quarta-feira, 8 de janeiro de 2020

OS CÃES - RÉQUIEM PARA OS JUSTOS


OS CÃES – RÉQUIEM PARA OS JUSTOS
(Ivan Pegoraro)


O Cão amigo

O cão não é somente um animal. É um amigo, companheiro fiel por toda uma vida porque é certo de que jamais irá lhe trair, nem lhe abandonar, tão pouco reclamar da vida que tem. O cão é um ser senciente, ou seja, é dotado de natureza biológica e emocional e passível de sofrimento. Um grande pesquisador americano, Gregory Berns, professor de neuroeconomia da Emory University (Estados Unidos), fez várias experiências com os cães e demonstrou que esses animais tendo a capacidade de experimentar emoções positivas, como o amor e apego, significa que eles têm um nível de sensibilidade comparável à de uma criança humana. Pois bem! Chocou a cidade de Londrina a notícia de que mais de duas dezenas de cães – 25 na verdade -  foram encontrados mortos dentro de uma cabine de um veículo Fiorino,  hermeticamente fechada, portanto sem nenhuma  ventilação, estacionado em pleno sol que atingiu naquele dia – 06/01/2020 - picos em torno de 35 graus centigrados. Foi uma verdadeira execução imposta a esses animais que certamente sofreram de forma inimaginável uma tortura que os levou a morte aos poucos, com certeza após ganirem por socorro, arranharem as paredes, latirem e por fim, com as línguas para fora, sufocados,  deitar e finalmente .... Sucumbir.  Como disse a maldade humana não tem limites, basta uma breve lembrança do holocausto praticado contra os judeus.  Obviamente não estou aqui traçando paralelo entre os dois fatos.  O que penso a respeito da crueldade humana  não tem realmente limites qualquer que seja o grau ou o ser vivente. Isso eu já sabia desde sempre. Mas o que mais me choca é saber que absolutamente nada dentro da proporcionalidade da punição, irá reparar a dor imposta àqueles seres indefesos. No máximo a responsável pelo fato, uma dita senhora que alegou abrigar os cães e que estava transportando-os para outro lugar, deverá pagar umas duas ou três cestas básicas e o episódio irá para o esquecimento.  Não foi isso não !  O que ocorreu foi uma matança premeditada desses cães; uma forma de se livrar deles na tentativa de encobrir um delito mediante uma justificativa. A alegação na Delegacia de que o objetivo era transportá-los de um ponto da cidade a outro e no trajeto o carro quebrou, não convence. E nem justifica.  Quando caminho ao redor do bairro em que mora, vejo dezenas de pessoas acompanhando seus cães para passear, orgulhosos e satisfeitos com seu fiel amigo. São tratados como crianças, cujo sentimento já está provado, corresponde realmente a de uma criança. Ele lhe entende; olha nos seus olhos, compreende quando você esta bravo, feliz e até triste. Senta eu teu sofá e se necessário chora com você.  Qualquer cão, mesmo o da rua, merece ser tratado com carinho e respeito, porque é um ser como disse acima, que sente dor, emoção e outros sentimentos já mencionados.  Foi-se o tempo da carrocinha onde aqueles abandonados eram recolhidos e transformados em sabão. O cão é hoje um ser senciente assim reconhecido. Não é mais coisa que pode ser descartado e executado sem misericórdia,  sem dó.  Os vinte e cinco cães foram recolhidos mortos e suas carcaças foram inseridas em sacos pretos de lixo pela SEMA.  Nem na morte deixaram de ser desprezados.  Foram lixos dentro desses sacos. Só espero que tenham dado um destino digno a eles.  O título ao falar em justo, é porque ser justo é ser coerente com o fim determinado, tendo sempre como base a ideia do bem. Ora esses inocentes cães será que teriam a ideia do mal ?  Certamente não, por isso a eles o réquiem dos justos.

Os cães ensacados como lixos




domingo, 5 de janeiro de 2020

LES CHARLATANS DE LA FOI !!!


LES  CHARLATANS  DE  LA  FOI!

(Ivan Pegoraro)


A reação humana de Francisco



Bastou Francisco ter um gesto de humano e a turma do quanto pior melhor já começou a se manifestar. São os charlatões da fé.  Ora, o sujeito passa a vida inteira dele, o tempo todo propagando a paciência, a misericórdia e a confiança e não tem o direito mais elementar de se irritar.  Ora, por favor, quem é que não reage quando puxado indevidamente por alguém em meio à multidão?   Ele está ali como símbolo que é e não Deus em corpo presente, distanciado das emoções e reações humanas. ELE sim poderia não ter nenhum tipo nenhum tipo de reflexo, afinal com todo seu poderio já teria sabido que seria puxado muito antes de se apresentar a multidão de fiéis.  Francisco deu a demonstração que realmente ele é homem, investido dos poderes conferidos por ELE.  Jamais se soube que ele,  Francisco ou seus antecessores,  deixaram de ter os comportamentos que se espera de um sapien,  desde ter suas necessidades fisiológicas atendidas adequadamente como outras atitudes que vão desde as lágrimas, como as emoções mais profundas, e indignação e porque não a irritação. Francisco se comportou no episódio como um homem médio. Aquele individuo que reage ao pensar ser atacado, assustado por um gesto ou por um atitude que o desequilibrou e quase o jogou ao chão.   Em seguida, no dia seguinte, reconhece que se excedeu e pede perdão. Que humano mais humano é este? Não Francisco, você não cometeu nenhum deslize não. Quem o praticou quem excedeu no comportamento foi àquela fiel que deslumbrada com sua presença quis lhe agarrar a trazer para perto de si como uma miragem que se solidifica em sua frente, não acreditando que prendeu o seu corpo no seu, comungando de forma desvairada e delirante aquela fração de segundos que se ligou a você.  Sua reação Francisco, foi mais do que bem vinda, pois aquele peteleco que você deu apenas aumentou o tempo de contato corporal entre a fiel e você e fez dela uma das poucas pessoas neste mundão de católicos perto de um bilhão e meio de devotos, que pode dizer que recebeu o corretivo que mereceu, em público e visto pelo mundo todo.  ELE deve estar feliz, sem dúvida, pois se seu comportamento fosse diferente certamente teria pensado que você estava pensando em ser ELE, quando na verdade, apenas é o seu representante. Com sua ousadia ficou demonstrado que você continua sendo um homem, aquele mesmo que necessita das mesmas urgências que qualquer um de nós.   Afinal, Francisco você é argentino e todos nós temos um pouco da Argentina em nosso coração. É claro que ao longo dos anos criticamos muito nossos “Hermanos”, mas não podemos nunca deixar de pensar no tango, em Buenos Ayres e naqueles filés maravilhosos que se come no Senyor Tango.  Não se preocupe não!!! Como bom argentino que você é sua demonstração teve uma forte conotação similar com o comportamento  da seleção argentina. Brava, combativa e principalmente humilde no reconhecimento da vitória da Alemanha no ultima copa. Você foi assim. Um argentino que sabe que não é ELE e sim um cidadão do mundo que teve a atitude que qualquer ser humano teria. Defender-se do ataque e depois, passado o susto ter a humildade de pedir perdão. Francisco, você é demais é nosso Hermano mais do nunca.  Pode ter certeza absoluta que quem esta mais satisfeito com tua atitude é ELE mesmo. Está esfregando as mãos e muito alegre pois confirmou que você é o humano que merece estar sentado naquele trono.

Francisco pede Perdão