sábado, 29 de fevereiro de 2020


O ELEVADOR.
(Ivan Pegoraro)





O elevador é um ótimo veículo para aferir a sua dose de constrangimento ou mesmo timidez. Principalmente quando adentra ao recinto aquele ser que poucas vezes você teve contato ou conseguiu com muito esforço, cumprimentar.  Não necessariamente nesta ordem, porque a situação pode ser invertida. Você adentra e o ser lá já está bem posicionado olhando para o celular.  Na verdade, o ser começou a manusear o celular quando percebeu que o módulo ia parar naquele andar. Então, qualquer que seja a hipótese é melhor você desde logo dizer, -Bom dia,  ou mesmo, - Boa tarde e na sequencia enquanto ambos ou todos torcem pra chegar logo no destino a solução sempre excelente é falar do tempo.  -Puxa mas está calor mesmo, né?  Ou então, -Parece que vai chover hoje, vi na previsão. Dependendo da resposta é o tempo necessário para aliviar a pressão e passar o formigamento na sola do pé.  Se é uma dama e o destino é o térreo, você deve fazer de conta que segura a porta e diz -Até logo,  mas não saia imediatamente atrás porque é indelicado e certamente deixará a passageira incomodada. Três ou quatro segundo já tranquiliza e mediará uma distancia folgada em direção ao estacionamento. Mas que ótimo é o contato com pessoas agradáveis e educadas, que ao invés de olhar para o celular, olha para os teus olhos e conversa amenidades naturais naqueles poucos segundos de companhia onde ambos usam o mesmo elevador.  Na verdade, é um prêmio o prédio onde os condôminos se conhecem e são simpáticos uns com os outros, pois afinal têm em comum algo muito importante que é exatamente o elevador.  Na próxima vez que for utilizá-lo irei repetir a minha cantilena de sempre, principalmente quando for necessário a minha iniciativa. Não tenho problemas no meu condomínio não ! Ao contrário. Trata-se de uma imensa família de pessoas agradáveis e sinceras. Mas nas conversas que temos aleatoriamente com amigos e conhecidos, ouvimos relatos de arrepiar os cabelos, de vizinhos que são se dão ao trabalho de levantar a cabeça fechando-se no seu obscuro mundo de simpatia como se o acompanhante daquele espaço fosse um ser invisível e totalmente imaterial. Penso que a consequência deste tipo de atitude está interligada a própria formação da pessoa, agravado as vezes por uma imensa e infinita timidez de origem tão pessoal que a própria pessoa não consegue superar. Cabe a você vencer esta barreira, sendo simpático na medida do possível.  O elevador é assim !  O teste do compartilhamento supremo de um espaço restrito. Nem quando você está sozinho nele você estará solitário. Olhando para cima, num dos cantos, verá uma câmera que te acompanha. Se quiser dizer um bom dia aos porteiros, é só acenar.

segunda-feira, 24 de fevereiro de 2020


O TELEFONE  CELULAR  E  O  MARTÍRIO
(Ivan Pegoraro)




O cidadão está no restaurante ao seu lado; ou sentado na poltrona do avião esperando o encerramento do embarque, ou mesmo na sala de espera do profissional que vai lhe atender. Então o indivíduo saca o seu telefone celular e como se estivesse num campo aberto, sozinho e desconhecido, começa com aquele vozeirão e mostrar que é um entendido no assunto e passa a dar ordens ou falar sobre o andamento daquele processo. É impossível você sequer continuar a ler o que está lendo porque a irritação sua e dos demais que por ali se encontram chega no limite do suportável. É uma total falta de urbanidade, de respeito e invasão da sua privacidade inversa tendo em vista que ninguém é obrigado a ter de suportar a audição compulsória de um assunto que não lhe diz respeito.  Essas pessoas deveriam ter um mínimo dos mínimos de delicadeza e calibrar a sua voz falando baixo se não for possível adiar o colóquio para um espaço que seja mais apropriado. Pelo menos posicione a mão em frente do microfone do celular condensando o som, e converse com voz baixa, quase num murmúrio, o que pelo menos demonstrará que você tem respeito com o direito do silencio e privacidade dos teus vizinhos.  Parece que certas pessoas mesmo convivendo com o sistema diuturnamente não aprendem a delicadeza do trato e respeito com o seu igual, tudo querendo fazer para quebrar as regras e demonstrar, -ei eu estou aqui;  e ou eu sou isso e tenho aquilo. !  Francamente, vai chegar um dia que nos consultórios médicos e dentro do avião e no cardápio do restaurante haverá de ser inserido uma mensagem em destaque alertando os usuários para falar baixo no telefone, respeitando as demais pessoas em sua volta.  Para esses ignorantes de carteirinha é muito fácil perceber quando estão sendo inconvenientes. Basta prestar um mínimo de atenção e perceber quando os vizinhos passam a olhar para trás ou aqueles que estão lendo levantarem os olhos da revista fulminando-os com um olhar indignado e direto. É o melhor e maior sinal de que o interlocutor está ultrapassando o limite do razoável e começando a invadir o direito da privacidade dos demais que por ali se encontram. É uma barbaridade os comportamentos inadequados e invasivos desses elementos, parecendo que esta necessidade de se fazer notar é uma prioridade extensiva de sua própria personalidade.  Não custa nada ser adequado com o ambiente, ainda mais num local de silêncio ou onde as pessoas conversam baixo e de forma civilizada Ao começar o vizinho a berrar ao teu lado falando no seu telefone celular, se não tiver jeito de se mudar de lugar a solução – e me parece não ter outra – é torcer para a conversa terminar logo e se possível até formulando mentalmente as hipóteses do intercâmbio que ali está sendo debatida. A verdade única é que esses elementos não possuem educação e têm um mínimo de respeito ao cidadão que compartilha daquele espaço.  Quem sabe, caso este pequeno artigo sirva para alertar um único desavisado, já não será um prêmio para algumas pessoas que se livraram do martírio nos acontecimentos que o futuro nos reserva.




sábado, 8 de fevereiro de 2020

ACIDENTE DE TRÂNSITO SEM VÍTIMA


ACIDENTE DE TRÂNSITO SEM VÍTIMA
(Ivan Pegoraro)





Primeira regra ao motorista ao funcionar seu veículo e dirigir pelas ruas da cidade é saber plenamente de que, querendo ou não, poderá se envolver em acidente. É preciso dirigir defensivamente, prestando atenção mesmo quando transitando em uma via preferencial, porque é nos cruzamentos que muitas vezes um descuidado avança acarretando o abalroamento. Na Rua Benjamim Constant com a Belo Horizonte, toda semana tem pelo menos umas três batidas pois quem vem por esta ultima via, mesmo com toda a sinalização e até pequeno quebra-molas, deixa a atenção de lado e cruza a preferencial inevitavelmente ocasionando graves batidas entre os veículos.  E aí é aquele transtorno, que passa por algumas etapas. A primeira é a violenta emoção de estar envolvido no olho daquele furacão.  A segunda é se dar conta de que não houve feridos de parte a parte, quando não os há.  O terceiro é a indignação do motivo, normalmente daquele que está na preferencial. Terceiro é a conversa entre os envolvidos, com, -me desculpte; - vou chamar o seguro; - vou ligar pro meu marido...;  etc. etc.  O objetivo deste pequeno artigo é alertar os condutores de que pela lei do trânsito, CÓDIGO DE TRÂNSITO BRASILEIRO -  em seu artigo 178, imediatamente após o ocorrido, as partes devem retirar do local o veículo ennvolvido, instalando-os em situação própria e condizente para não impedir a livre circulação dos demais veículos que se utilizam daquela rua. O texto é claro:  “Art. 178. Deixar o condutor, envolvido em acidente sem vítima, de adotar providências para remover o veículo do local, quando necessária tal medida para assegurar a segurança e a fluidez do trânsito:”   Após as fases acima, deve seguir uma última que é bater as fotos, colher nomes de testemunhas se houver e manobrar o veículo evitando criar uma dificuldade na fluidez do trânsito.  Não adianta ligar para o Detran ou para a Polícia de Trânsito porque não irão comparecer, pois esta providencia faz parte do passado.  Não havendo feridos como diz o texto mencionado, as partes no sentido do particular e sem a participação imediata do Estado, terão que resolver entre si o seu problema e não resolvendo, nem naquele momento e nem posteriormente, então sim procurar a justiça para buscar o devido ressarcimento.  Todos os meios de provas serão admitidos, principalmente a análise da dinâmica do acidente, bem relatado pelo advogado, com anexação de fotos e até do Boletim de Ocorrência que pode ser elaborado posteriormente através da internet. Testemunhas é importantíssima, mas não imprescindíveis. Fotos e gravações, sim. Quando há feridos, a situação se inverte, e obviamente o Poder Pública se fará presente para coletar as provas.  Digamos que o veículo sofreu danos que impedem sua movimentação imediata, sem feridos. O texto que mencionamos acima também prevê, pois deve o motorista/proprietário do veículo estagnado, buscar meios imediatos para a remoção do mesmo, chamando o guincho e ou estacionando-o em local adequado. A pena para o descumprimento desta regra é infração considerada média com quatro pontos na carteira e multa de R$ 130,00 (cento e trinta reais). Quanto ao início do artigo, se você é estressado, mau humorado, está com pressa, é intransigente e principalmente se acha o melhor motorista de mundo e todos os demais são uns “barbeiros”  então vá de ônibus, de Uber, a pé ou de taxi para seu destino.

domingo, 2 de fevereiro de 2020

ONDE ESTÃO NOSSAS CRIANÇAS - IVAN PEGORARO


ONDE  ESTÃO  NOSSAS  CRIANÇAS
(Ivan Pegoraoro)




No final da tarde ou no começo da manhã, observo quando caminho, ou quando retornou do meu escritório, inúmeras criadas, senhoras, adolescentes e também homens em geral, passeando com seus cães no entorno dos prédios onde resido, neste aglomerado de edifícios que é a Gleba, em Londrina. Na grande maioria dos jardins desses condomínios existe a placa proibindo que os animais façam suas necessidades por ali, alertando o condutor que aquele local não é exatamente próprio para isso. É verdade que já existe uma consciência ecológica agindo de forma natural para o recolhimento em saquinhos de plástico das fezes do cãozinho durante o passeio, mas também é certo que muitos não fazem isso.   Mas a abordagem que faço aqui não diz respeito exatamente aos cães que precisam sair de manhã e no entardecer para esticar suas canelas e usar os espaços públicos para suas necessidades.  E sim, sinto falta das crianças que antigamente também passeavam pelas calçadas, tomando sol ou respirando um ar mais puro do que aquele do ambiente fechado do apartamento. Se for fazer uma pesquisa, os cães ganham de lavada, pois se fazem-se muito mais presentes nos períodos agradáveis do dia do que propriamente as crianças. E fiquei meditando a razão dessa disparidade, e cheguei a algumas conclusões que evidentemente podem não ser verdadeiras. A primeira, que cães estão substituindo os filhos em grande parte das famílias, por razões que não me é totalmente conhecida. O casal se recusa a ter os transtornos e dificuldades de criar uma criança pois embaraça e limita suas atividades e opta por um companheiro que de certo modo é mais simples de manter. É tratado e chamado de filho. Segundo, porque a relação entre o cão e o humano é tão forte que cria laços de ternura comparáveis entre os humanos. Neste relacionamento homem e animal, o cão não vê e nem distingue nenhuma importância se seu dono reside em uma mansão, num apartamento de um por andar ou mesmo na rua, qual a sua religião ou a cor de sua pele. Um local adequado com água limpa e comida suficiente, além de  cuidado, carinho e respeito são o suficiente para conquistar a confiança dele, que por isso, recebeu o título de melhor amigo do homem, antes mesmo da frase ser dita pela primeira vez. O Cachorro retribui isso, sem dúvida pois está sempre disposto a acompanhar o humano, não difama ninguém e não se importa com a aparência dos outros. Por vezes, a ligação é tão forte, que se o dono adoece, o cão fica ao pé da cama lhe esperando levantar. Na literatura ensina-se que o cão vê o homem como o chefe da matilha e por isso lhe presta obediência, aliado ao bom tratamento que recebe. Um dos exemplos dessa forte ligação foi a menina ucraniana Oxana Malaya, a chamada garota-cachorro. Cuidada e criada por cães, adaptou-se ao ambiente no quintal de casa e viveu cinco anos como membro da matilha («Oxana Malaya, the Ukrainian Dog Girl» (em inglês). Extraordinary children.) É desnecessário dizer que cada família opta pela escolha que fizer e ninguém tem nada com isso. Concordo plenamente.  Mas me permito perguntar, onde estão nossas crianças????  Será receio de leva-las a tomar sol, ou um ar agradável do final de tarde? Medo da violência; falta de tempo????   O cãozinho pode passear com a criada.  A criança não????? Enfim, onde estão nossas crianças???