A
ASSASSINA SOLITÁRIA
(Ivan
Pegoraro)
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Manobra de Heimlich |
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Folha de Louro |
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Eu, primeiro a Direita e alguns amigos do Padell. |
O almoço começa as 12:20hs.
Naquele dia nem a esposa havia chegado, tão pouco o filho mais velho com a
noiva que sempre compartilham a mesa durante a semana. Ao meio dia e trinta, sozinho, foi servida a
mesa pela funcionária, consistindo o fausto em salada, costelinha de porco com
lentilha e arroz. O aroma era inebriante; na primeira garfada o sabor foi
emocionante até. A costelinha se desmanchava, e após a primeira, a segunda
garfada, bem mastigada. De repetente, com um salto ele percebeu o inicio de um terremoto.
Trovões insanos encheram aquele silencio. Ateve-se que os sons eram provocados
pela sua própria garganta, e o terremoto pelos movimentos desprovidos de sequencia
de seu próprio corpo. A funcionária praticamente desmaiou ao lado. Um osso. Um
osso em sua garganta!!!! Mas ainda podia respirar!!!! Ainda bem. Liga para a
portaria. “– Qual o apartamento do Dr. Mauricio?
“ . Não está. Liga de novo para a portaria, voz engasgada e entrecortada. “
– Qual o apartamento do Dr. Roberto?” Liga e pede socorro, felizmente ele se
preparava para almoçar. Entre Roberto chegar ao apartamento da vítima acompanhado de Nádia, enfermeira profissional,
esposa de Mauricio que percebeu que algo estava ocorrendo, adentra ao
apartamento o filho mais velho e a noiva.
O pai esta vermelho e desesperado. O filho que também é mergulhador de
águas profundas e conhece primeiros socorros, pega o pai por trás e aplica a
manobra de Heimlicih. Por meio desta intervençao se ajuda uma pessoa, de qualquer idade, se livrar de um objeto queficou preso na garganta, ou traquia. Usam-se as mãos para exercer forte pressão no musculo do diafragma que, pela compressão dos pulmões, induzirá a uma tosse artificial, um movimento que expulsará o objeto. . Roberto e Nádia
adentram ao apartamento, mas o objeto não foi expulso. Acalmam o personagem,
percebendo que ele está respirando bem. Diz Roberto que diante das
circunstâncias, com respiração ainda que difícil, e sem equipamento, não seria
recomendável qualquer intervenção inapropriada naquele momento. Poderia
provocar a interrupção total da respiração. Saca seu telefone e liga para um colega também
médico especialista nesse tipo de situação. O colega em meio ao seu almoço
orienta. Direto para a clínica. Todos se
dirigem para o local. Na saída da garagem a esposa chega. –O que está
acontecendo?” Diz o filho que depois
conversa. Nádia fica para trás e explica o que ocorre. Na clínica se tentou um
endoscopia sem anestesia. A reação foi como ser expulso da boca do vulcão.
Impossível. Em seguida, uma picada e após um breve sono, o despertar suave ao
lado das pessoas queridas e sem o instrumento na garganta, na verdade uma folha
de louro. Isso mesmo, não era osso, era uma folha de louro. A esposa e a amiga levam o personagem de
volta para casa que dorme o sonho dos anjos até as 20:00hs. Mais tarde se soube
que o engasgo com a folha de louro é muito mais frequente do que se pensa. É
extremamente perigoso principalmente para as crianças e também adultos. São
folhas grossas e secas que facilmente se prende no interior da garganta
causando asfixia. Deve-se usar o pó, ou eliminar as folhas de sua dieta. E não
confiei em ninguém que vá usá-la no tempero, mesmo afirmando que vai retirá-la
ao servir. É um perigo, latente e presente. Agora fico aqui a pensar em todos
aqueles que me ajudaram, afinal o
personagem sou eu. Amigos presentes naquele momento e aqueles que se
preocuparam depois. Viver em comunidade é assim. Principalmente se dando bem
com todos. Mas a folha de louro, é uma
assassina solitária. Isso é. E com ela.... quase que iria deixar de jogar Padel
com meus companheiros antes da hora. Obrigado
amigos.