sábado, 10 de agosto de 2019

A ASSASSINA SOLITÁRIA
(Ivan Pegoraro)

Manobra de Heimlich
Folha de Louro


Eu, primeiro a Direita e alguns amigos do Padell.

O almoço começa as 12:20hs. Naquele dia nem a esposa havia chegado, tão pouco o filho mais velho com a noiva que sempre compartilham a mesa durante a semana.  Ao meio dia e trinta, sozinho, foi servida a mesa pela funcionária, consistindo o fausto em salada, costelinha de porco com lentilha e arroz. O aroma era inebriante; na primeira garfada o sabor foi emocionante até. A costelinha se desmanchava, e após a primeira, a segunda garfada, bem mastigada. De repetente, com um salto ele percebeu o inicio de um terremoto. Trovões insanos encheram aquele silencio. Ateve-se que os sons eram provocados pela sua própria garganta, e o terremoto pelos movimentos desprovidos de sequencia de seu próprio corpo. A funcionária praticamente desmaiou ao lado. Um osso. Um osso em sua garganta!!!! Mas ainda podia respirar!!!! Ainda bem. Liga para a portaria. “– Qual o apartamento do Dr. Mauricio? “ . Não está. Liga de novo para a portaria, voz engasgada e entrecortada. “ – Qual o apartamento do Dr. Roberto?”  Liga e pede socorro, felizmente ele se preparava para almoçar. Entre Roberto chegar ao  apartamento da vítima  acompanhado de Nádia, enfermeira profissional, esposa de Mauricio que percebeu que algo estava ocorrendo, adentra ao apartamento o filho mais velho e a noiva.  O pai esta vermelho e desesperado. O filho que também é mergulhador de águas profundas e conhece primeiros socorros, pega o pai por trás e aplica a manobra de Heimlicih.  Por meio desta intervençao se ajuda uma pessoa, de qualquer idade,  se livrar de um objeto queficou preso na garganta, ou traquia. Usam-se as mãos para exercer forte pressão no musculo do diafragma que, pela compressão dos pulmões, induzirá a uma tosse artificial, um movimento que expulsará o objeto. .  Roberto e Nádia adentram ao apartamento, mas o objeto não foi expulso. Acalmam o personagem, percebendo que ele está respirando bem. Diz Roberto que diante das circunstâncias, com respiração ainda que difícil, e sem equipamento, não seria recomendável qualquer intervenção inapropriada naquele momento. Poderia provocar a interrupção total da respiração.  Saca seu telefone e liga para um colega também médico especialista nesse tipo de situação. O colega em meio ao seu almoço orienta. Direto para a clínica.  Todos se dirigem para o local. Na saída da garagem a esposa chega. –O que está acontecendo?”  Diz o filho que depois conversa. Nádia fica para trás e explica o que ocorre. Na clínica se tentou um endoscopia sem anestesia. A reação foi como ser expulso da boca do vulcão. Impossível. Em seguida, uma picada e após um breve sono, o despertar suave ao lado das pessoas queridas e sem o instrumento na garganta, na verdade uma folha de louro. Isso mesmo, não era osso, era uma folha de louro.  A esposa e a amiga levam o personagem de volta para casa que dorme o sonho dos anjos até as 20:00hs. Mais tarde se soube que o engasgo com a folha de louro é muito mais frequente do que se pensa. É extremamente perigoso principalmente para as crianças e também adultos. São folhas grossas e secas que facilmente se prende no interior da garganta causando asfixia. Deve-se usar o pó, ou eliminar as folhas de sua dieta. E não confiei em ninguém que vá usá-la no tempero, mesmo afirmando que vai retirá-la ao servir. É um perigo, latente e presente. Agora fico aqui a pensar em todos aqueles que me ajudaram, afinal o personagem sou eu. Amigos presentes naquele momento e aqueles que se preocuparam depois. Viver em comunidade é assim. Principalmente se dando bem com todos.  Mas a folha de louro, é uma assassina solitária. Isso é. E com ela.... quase que iria deixar de jogar Padel  com meus companheiros antes da hora. Obrigado amigos.




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