OS
PERSONAGENS LONDRINENSES
(Ivan
Pegoraro)
Londrina sempre teve
personagens interessantes ao longo de sua história. “Caruso” andava descalço
pelo centro dando longos gritos falando coisas que ninguém entendia. Era pacato
e amigável, sempre tinha um cafezinho e um pastel pago por alguém. “Circuito” japonesinho mais que amigo, cujo “estremelique”
involuntário, certamente algum espasmo orgânico, valeu-lhe o apelido carinhoso.
Tinha uma arte incomum de fazer bichinhos de papel, cujo domínio do origami
valeu a amizade eterna da molecada. Bastava pedir para fazer um desses
bichinhos que “Circuito” fazia, sempre sorrindo de forma amigável. Ficava
andando pelo centro da cidade e nos barzinhos de então. O povo contribuía com alegria.
E agora o que temos? No zerão temos o “Embaixada”
aquele indivíduo que com fone de ouvidos fica dando voltas e voltas com a bola
quicando de um pé ao outro, sem cair, numa arte espetacular, inigualável.
Experimente você dar umas cinco ou seis embaixadinhas, que vem a ser o nome
deste espetáculo. E por fim temos o
carismático, “Luxemburgo Londrinense”
torcedor ferrenho do Londrina Esporte Clube, que por ser bem parecido
com este famigerado e mau humorado personagem do esporte brasileiro na
qualidade de técnico, resolveu incorporar o mesmo. Deste modo veste paletó,
gravata e fica na borda das arquibancadas, fazendo gestos semelhantes ao
Luxemburgo verdadeiro, dando instruções aos gritos aos jogadores do time da
casa. Não tem parada. Gira de um lado ao outro em toda extensão das
arquibancadas cobertas, sofrendo igual um condenado. Quando o time ganha, os torcedores
cumprimentam nosso “Luxemburgo” pelas instruções berradas do seu local de
trabalho. E o que ganham essas pessoas senão garantir uma alegria maior aos
londrinenses que frequentam nossos lugares públicos. O “Embaixada”
deveria ter direito a pelos menos duas água de coco por dia de trabalho
nas beiras do Igapó; “Luxemburgo” por
sua vez deveria ter ingresso gratuito no setor das cadeiras cativas. Afinal suas existências garantem alegria sem
nenhum custo a quem os assiste.
Nenhum comentário:
Postar um comentário