MINHA MÃE
(Ivan Pegoraro)
Falar da mãe é simples. Normalmente começa assim: “Ser
mãe é...” Buscando nos pontos mais inacessíveis da
memória resgatamos as imagens, não só da nossa, mas de todas as mães. Aquelas
que embalaram nossos sonhos de crianças; aquelas que fortaleceram nossas
fraquezas do então; aquelas que
concretaram as vias de nossas artérias; aquelas que choraram conosco nos
momentos decisivos de nossas vidas.
Nessas melodiosas lembranças, quantas vezes nossas mães não tiveram
razão, mas pouco puderam fazer senão chorar.
Ao povoar essas nossas memórias é quase certo que por mais que
queiramos, as imagens do resgate de nossa mãe, não é mais como um filme de
começo, meio e fim. Quanto mais a vida passa, são fragmentos que ficam daquela
imagem que um dia foi real. Como uma foto fixada na parede, sem movimento, sem
odor e sem massa física para tocar. Mas o que mais eleva a importância dela em
nosso contexto é conhecer, depois de passado o tempo que passou, é a frieza com
que enfrentava a dor, as vezes diante do sofrimento de seu filho ou de sua
filha. Alí sempre esteve o esteio e a
razão maior de ser mãe. Conseguir
superar esses obstáculos sem amarguras aparente, mesmo porque o seu tempo de
conviver com elas, essas amarguras, era na solidão da madrugada, sozinha no
leito silencioso do seu canto preferido.
Você, eu e todos nós, carregamos conosco toda a transferência informe da
força de nossa mãe que sabiamente olhou com seus olhos a nossa vida,
amparando-nos, chorando por nós como falei, mas não a substituindo ( a vida) porque
o destino, esse não pôde por ela ser reparado, porque nós o escolhemos. E ele é a nossa vida. Mas...se o destino é nosso, os sonhos também
são. Assim, nesse momento, minha mãe está aqui comigo. Mas não sou eu neste
presente. Sou eu no passado, naquele dia longínquo quando nasci e
recebi o amparo daqueles braços pela primeira vez. Ali tive a certeza de que
não cairia no vácuo infinito da solidão. Minha mãe me preparou para não cair. E
assim como não fui ao chão creio que completei o ciclo da matéria. Lembrar de
minha mãe e não chorar, porque ela chorou por mim.
Maravilhoso texto.
ResponderExcluirEstaremos sempre junto de nossas mães, são elas que carregam o fio invisível da vida que nos une e une todas as pessoas.