quinta-feira, 23 de abril de 2020



 A CÚMPLICE
(Ivan Pegoraro)



 Vou contar a história dessa música. Não sei se é verdadeira ou não e nem me lembro como tomei conhecimento dela. Por isso peço que não comentem nada pois o personagem ainda está vivo e faço essa publicação sem sua autorização. Reza, pois, a lenda que Juca Chaves no ano de 1972 adquiriu um Karman-Ghia vermelho, lindo de morrer. Ele apenas reclamava que era obrigado a sempre andar de vidro fechado, já que naqueles tempos, os carros não tinham ar-condicionado. Perguntado por que não abria as janelas, ele dizia: -porque as meninas pulam dentro kkkkkk. -  Pois bem, com 15 dias usando aquele formidável esportivo, eis que cruzaram a preferencial e abalroaram o Karmann-Ghia bem no meio da porta do passageiro.  Juca levou seu carro para o conserto e desolado foi até o barzinho da turma, onde os amigos da noite se encontravam para trocar acontecimentos.  Sentou numa mesa e entristecido ficou ali tomando um martini e com a mão direita no queixo olhava pela janela vendo o movimento.  Naquele momento apareceu um dos seus amigos que sem falar nada, sentou na mesma mesa, disse apenas “oi” pediu um Whisky  e sem mais nem menos começou a derramar algumas furtivas lágrimas e fungar sem parar.  Juca, também entristecido perguntou-lhe o que estava acontecendo de tão grave.  Seu amigo, deu um gole na bebida e relatou-lhe o seguinte: - Sabe Juca, desde que me mudei aqui para o Rio de Janeiro, poucas vezes pude ver minha amada Cida já que ela mora tão longe. -  Juca então pergunto-lhe: - E você sabe, também estou chateado. Bati o meu carro novo. – Seu amigo então ponderou: - Mas Juca, teu carro você conserta e tem ele perto, ou compra outro igual. Mas eu, já pedi para Cida vir “prá” cá, mas sequer ele me respondeu. Não tenho como substitui-la,  nem está perto de modo a poder vê-la. -  Juca então tentou argumentar mais um pouco, enquanto um pedia mais um Martini e o outro mais um Whisky e ali ficaram a beber e se lamentar por horas.  Ao final tentando consolar de vez seu amigo já com a voz embargada de tanto martini, disse-lhe  que fosse procurar uma outra companhia para preencher aquele vazio. Seu amigo, já muito mais “prá lá do que prá cá” levantou da mesa cambaleando e gritou alto e em bom som:  - Não, eu quero aquela mulher. Eu quero a Cida. -  Abraçou o Juca e começou a chorar de forma intensa e a soluçar amargamente.  Juca já era um cantor compositor de fama tendo produzido grandes sucessos sendo o principal deles “Presidente Bossa Nova”   e “Por quem chora Ana Maria”.  Comovido com aquele seu amigo que a distancia havia cruelmente separado de sua amada, Juca chamou um taxi e levou-o até sua casa na Barra da Tijuca onde colocou-o na cama, advertindo os amigos que moravam com ele, que ficassem de olho.   Foi para seu apartamento e lá chegando pegou seu violão, sentou na sacada e ficou pensando no amigo e na história triste que ele havia lhe contado. A inspiração brotou como um sol nascente no outono do Sul do Brasil. Sua primeira estrofe foi – Eu quero essa mulher ... -  A a partir daí compôs em menos de meia hora esta música.  Eis a história dessa meiga, linda e ingênua música chamada A CÚMPLICE.  A rima é simples,  mas o conjunto, música, letra e a voz de Juca Chaves faz o ouvinte chegar as lágrimas.  Fábio Junior gravou também, mas parece uma outra música, não é a mesma coisa. 

Clique para ouvir:  https://www.youtube.com/watch?v=WlFXyHFrgh0







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