A CÚMPLICE
(Ivan Pegoraro)
Vou contar a história dessa
música. Não sei se é verdadeira ou não e nem me lembro como tomei conhecimento
dela. Por isso peço que não comentem nada pois o personagem ainda está vivo e
faço essa publicação sem sua autorização. Reza, pois, a lenda que Juca Chaves
no ano de 1972 adquiriu um Karman-Ghia vermelho, lindo de morrer. Ele apenas
reclamava que era obrigado a sempre andar de vidro fechado, já que naqueles
tempos, os carros não tinham ar-condicionado. Perguntado por que não abria as
janelas, ele dizia: -porque as meninas pulam dentro kkkkkk. - Pois bem, com 15 dias usando aquele formidável
esportivo, eis que cruzaram a preferencial e abalroaram o Karmann-Ghia bem no
meio da porta do passageiro. Juca levou
seu carro para o conserto e desolado foi até o barzinho da turma, onde os
amigos da noite se encontravam para trocar acontecimentos. Sentou numa mesa e entristecido ficou ali
tomando um martini e com a mão direita no queixo olhava pela janela vendo o
movimento. Naquele momento apareceu um
dos seus amigos que sem falar nada, sentou na mesma mesa, disse apenas “oi”
pediu um Whisky e sem mais nem menos
começou a derramar algumas furtivas lágrimas e fungar sem parar. Juca, também entristecido perguntou-lhe o que
estava acontecendo de tão grave. Seu
amigo, deu um gole na bebida e relatou-lhe o seguinte: - Sabe Juca, desde
que me mudei aqui para o Rio de Janeiro, poucas vezes pude ver minha amada Cida
já que ela mora tão longe. - Juca então pergunto-lhe: - E você sabe,
também estou chateado. Bati o meu carro novo. – Seu amigo então
ponderou: - Mas Juca, teu carro você conserta e tem ele perto, ou compra
outro igual. Mas eu, já pedi para Cida vir “prá” cá, mas sequer ele me
respondeu. Não tenho como substitui-la, nem está perto de modo a poder vê-la. - Juca então tentou argumentar mais um pouco,
enquanto um pedia mais um Martini e o outro mais um Whisky e ali ficaram a
beber e se lamentar por horas. Ao final
tentando consolar de vez seu amigo já com a voz embargada de tanto martini,
disse-lhe que fosse procurar uma outra
companhia para preencher aquele vazio. Seu amigo, já muito mais “prá lá do que
prá cá” levantou da mesa cambaleando e gritou alto e em bom som: - Não, eu quero aquela mulher. Eu quero
a Cida. - Abraçou o Juca e
começou a chorar de forma intensa e a soluçar amargamente. Juca já era um cantor compositor de fama
tendo produzido grandes sucessos sendo o principal deles “Presidente Bossa
Nova” e “Por quem chora Ana Maria”. Comovido com aquele seu amigo que a distancia
havia cruelmente separado de sua amada, Juca chamou um taxi e levou-o até sua
casa na Barra da Tijuca onde colocou-o na cama, advertindo os amigos que
moravam com ele, que ficassem de olho.
Foi para seu apartamento e lá chegando pegou seu violão, sentou na
sacada e ficou pensando no amigo e na história triste que ele havia lhe
contado. A inspiração brotou como um sol nascente no outono do Sul do Brasil.
Sua primeira estrofe foi – Eu quero essa mulher ... - A a partir daí compôs em menos de meia
hora esta música. Eis a história dessa
meiga, linda e ingênua música chamada A CÚMPLICE. A rima é simples, mas o conjunto, música, letra e a voz de Juca
Chaves faz o ouvinte chegar as lágrimas.
Fábio Junior gravou também, mas parece uma outra música, não é a mesma
coisa.
Clique para ouvir: https://www.youtube.com/watch?v=WlFXyHFrgh0
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