terça-feira, 28 de abril de 2020

A SÍNDROME DO PORTEIRO+


A SÍNDROME DO PORTEIRO
(Ivan Pegoraro)


Temos em nossa volta pessoas que possuem muito ou pouco poder. Muitas vezes sequer nos damos conta disso. Por exemplo, no prédio em condomínio, temos o porteiro, o síndico; no estacionamento público o responsável por indicar as vagas; no shopping e lojas em geral o segurança e assim por diante. Pessoas que sem um credenciamento emanado de uma autoridade pública, detêm alguma espécie de poder numa sociedade em que sem dúvida são necessários e são bem vindos e devem ser respeitados e obedecidos, quando não há extrapolação do direito individual e ou coletivo.  Agora, durante o surto da pandemia temos os Prefeitos e os Governadores que baixam decretos e determinam tudo ao rigor da lei, inclusive num abuso de autoridade enigmático e incompreensível com o desrespeito total às garantias individuais assegurado pela Constituição, mandando prender, algemar e conduzir dentro do camburão cidadãos que simplesmente estão andando pelas ruas, as vezes indo ao supermercado, a farmácia ou até tomando um pouco de sol, que ao tentar justificar sua conduta esbarram na truculência dos agentes públicos de segurança.  Temos visto na televisão e nas plataformas digitais vídeos horríveis de pessoas sendo submetidas a toda sorte de violência por policiais ou guarda municipais constrangendo ao último essas pessoas num alarde insubstituível no grau máximo da incompreensão.  O momento atual é muito propício para analisar a chamada síndrome do porteiro.  “A Síndrome do pequeno poder, ou "Síndrome de porteiro" segundo a psicologia, é uma atitude de autoritarismo por parte de um indivíduo que, ao receber um poder, usa de forma absoluta e imperativa sem se preocupar com as consequências e problemas periféricos que possa vir a ocasionar. Segundo Saffioti, trata-se de um problema social e não individual, característica da nossa sociedade. Surge quando a pessoa não se contenta com sua pequena parcela de poder e se assume como superior ou detentora de responsabilidade sobre a liberdade de outrém, exorbitando sua autoridade”  Esta a definição clássica extraída internet;https://pt.wikipedia.org/wiki/S%C3%ADndrome_do_pequeno_poder. 


O que se constata neste momento é que imbuídos deste espirito de terror, quem manda mais, manda para quem manda menos cumprir ordens a qualquer preço ainda que violando os direitos fundamentais de ir e vir. É exatamente neste ponto que os fracos se transvestem da síndrome mencionada pois passam a acreditar piamente que diante da situação detém um poder muito maior do que as outras pessoas. O Prefeito passa a ser o Duque, e o Governador o Monarca do Reino. Se aproveitam dessa situação e diante de uma população amedrontada, portanto psicologicamente vulnerável extrapolam todos os níveis de razoabilidade impondo aos indefesos munícipes um grau de constrangimento como disse inimaginável e totalmente desproporcional.  As cenas dantescas de uma mulher sentada num banco da praça na cidade de Araraquara, jogada ao chão pelos policiais e algemada, e aquela de um idoso literalmente sendo também lançado na calçada cujas imagens podem ser resgatadas no youtube dão a noção certa de que o poder, quando exercido de maneira truculenta pode e deve geral direito de indenização.  Será o que veremos todos na sequencia dos fatos. Afinal o brasileiro ainda conhece e deve defender os seus direitos principalmente quando a afronta por da categoria individual.

Um comentário:

  1. Principalmente nesse momento de tanta fragilidade emocional é muito triste ver isso...

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